Algo difícil
de colocar na cabeça dos alunos é o papel da Cor na Arquitetura. A cor tem um significado, mas a primeira lição
é saber que existem vários significados para cada cor. Não existem cores com
significados só positivos ou só negativos. Uma construção toda branca nos
transmite um quê de Éden, um espaço purificado de emoções conflituosas, um
espaço de paz e tranquilidade. Mas ela também poderia parecer um hospital –
frio, esterilizado, sem vida. E, de
quebra, um espaço que induz à solidão.
Contrabalançar
esses significados é que seria, então, o desafio.
Só que, na
verdade, estamos um passo atrás. Quase ninguém chega a se incomodar muito com a
cor, sendo essa uma preocupação, talvez, para decoradores, ou para o próprio
dono do imóvel. E, claro, as cores serão preferencialmente neutras, para não
‘agredir’ a paisagem.
E com isso
se perde um grande potencial que a arquitetura nos oferece. Sim, é verdade que
não conseguiríamos viver numa cidade em que todos os prédios fossem coloridos:
amarelo, vermelho vivo, azul bebê, verde limão, como em um baile neón de carnaval. Seria um excesso de
estímulos visuais que nos incomodaria. Assim como a rua São Bento no centro de
São Paulo já foi expurgada do excesso de placas e de propaganda porque a
arquitetura, nesse caso, desaparecia.
Mas é
possível colocar cor em um projeto e fazê-lo despertar (mais) empatia. É
possível quebrar a monotonia visual. Vejamos os exemplos.
Acima, está
o Edifício Comercial João Moura, do Nitsche Arquitetos Associados. Como
podemos ver na maquete (logo acima), o edifício real tem até mais cor e vibração. Essas
cores não dizem respeito aos usuários do prédio: é uma inserção de cor – e arte
– na paisagem cinzenta. Mas também se pode ver que os usuários do prédio foram
considerados nesse projeto: os terraços verdes que se abrem para um espaço
amplo de não-barreiras e contemplação.
Outro
edifício é o Pop Madalena, da Andrade Morettin Arquitetos Associados,
que além de inovar com um brilhante RASGO no meio do edifício, tornando-o
permeável à paisagem existente, completa com brises coloridos (móveis!) que já
foram apropriadamente chamados de ‘Cromatismo em Movimento’. Não sabemos se o
verde e o amarelo expressam certo ufanismo. O certo é que o edifício (em forma
de L) que integra o comercial e o residencial (em andares distintos) é um
projeto INOVADOR em vários aspectos.
Mas não é
preciso ter medo! Usar a cor em um
edifício não significa que seja preciso recorrer a um artista plástico. A Cor
desperta nossas emoções, a Cor traz vida, a Cor é vida. Assim, mesmo nesse
exemplo da Estação Fradique Coutinho
do metrô de São Paulo, o uso da cor (que está longe de ser uma obra de arte) é
extremamente positivo, porque tira o usuário do espaço de sua passividade,
provoca uma reação – e nesse caso a reação é puramente ‘sensorial’ já que essas
portas pintadas em várias cores não
são uma peça de publicidade – como as habitantes das metrópoles estão
acostumados a ver. Eles (nós) podem contemplar a cor sem precisar receber uma
mensagem que os induzam a comprar (compre, compre, compre!) alguma coisa.
A Cor
deveria fazer parte da paisagem urbana.
Mas para isso é preciso que os arquitetos (e futuros arquitetos também)
não tenham medo dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário