segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

A Cor na Arquitetura (post original 22/01/2017)



Algo difícil de colocar na cabeça dos alunos é o papel da Cor na Arquitetura. A cor tem um significado, mas a primeira lição é saber que existem vários significados para cada cor. Não existem cores com significados só positivos ou só negativos. Uma construção toda branca nos transmite um quê de Éden, um espaço purificado de emoções conflituosas, um espaço de paz e tranquilidade. Mas ela também poderia parecer um hospital – frio, esterilizado, sem vida.  E, de quebra, um espaço que induz à solidão.

Contrabalançar esses significados é que seria, então, o desafio.

Só que, na verdade, estamos um passo atrás. Quase ninguém chega a se incomodar muito com a cor, sendo essa uma preocupação, talvez, para decoradores, ou para o próprio dono do imóvel. E, claro, as cores serão preferencialmente neutras, para não ‘agredir’ a paisagem.

E com isso se perde um grande potencial que a arquitetura nos oferece. Sim, é verdade que não conseguiríamos viver numa cidade em que todos os prédios fossem coloridos: amarelo, vermelho vivo, azul bebê, verde limão, como em um baile neón de carnaval. Seria um excesso de estímulos visuais que nos incomodaria. Assim como a rua São Bento no centro de São Paulo já foi expurgada do excesso de placas e de propaganda porque a arquitetura, nesse caso, desaparecia.

Mas é possível colocar cor em um projeto e fazê-lo despertar (mais) empatia. É possível quebrar a monotonia visual. Vejamos os exemplos.


Acima, está o Edifício Comercial João Moura, do Nitsche Arquitetos Associados. Como podemos ver na maquete (logo acima), o edifício real tem até mais cor e vibração. Essas cores não dizem respeito aos usuários do prédio: é uma inserção de cor – e arte – na paisagem cinzenta. Mas também se pode ver que os usuários do prédio foram considerados nesse projeto: os terraços verdes que se abrem para um espaço amplo de não-barreiras e contemplação.




Outro edifício é o Pop Madalena, da Andrade Morettin Arquitetos Associados, que além de inovar com um brilhante RASGO no meio do edifício, tornando-o permeável à paisagem existente, completa com brises coloridos (móveis!) que já foram apropriadamente chamados de ‘Cromatismo em Movimento’. Não sabemos se o verde e o amarelo expressam certo ufanismo. O certo é que o edifício (em forma de L) que integra o comercial e o residencial (em andares distintos) é um projeto INOVADOR em vários aspectos.




Mas não é preciso ter medo!  Usar a cor em um edifício não significa que seja preciso recorrer a um artista plástico. A Cor desperta nossas emoções, a Cor traz vida, a Cor é vida. Assim, mesmo nesse exemplo da Estação Fradique Coutinho do metrô de São Paulo, o uso da cor (que está longe de ser uma obra de arte) é extremamente positivo, porque tira o usuário do espaço de sua passividade, provoca uma reação – e nesse caso a reação é puramente ‘sensorial’ já que essas portas pintadas em várias cores não são uma peça de publicidade – como as habitantes das metrópoles estão acostumados a ver. Eles (nós) podem contemplar a cor sem precisar receber uma mensagem que os induzam a comprar (compre, compre, compre!) alguma coisa.
A Cor deveria fazer parte da paisagem urbana.  Mas para isso é preciso que os arquitetos (e futuros arquitetos também) não tenham medo dela.

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