Praça João Nassar, no Largo da Batata |
O que é uma
praça?
A praça sempre foi um local de encontro
das pessoas. Na Grécia Antiga, a ÁGORA possibilitava não só o encontro, mas o debate
público, o voto e portanto a democracia. Mais tarde, no século XIX, se percebeu
que a aglomeração urbana cada vez maior só seria tolerável com a abertura de
grandes avenidas para circulação de veículos e com espaços públicos com algum
verde para a recreação de pessoas – a Praça.
No Brasil,
em particular em São Paulo, o espaço destinado à praça, contudo, nunca é o que
deveria ser. Por questões culturais, aqui esse espaço que deveria ser
privilegiado é, ao contrário, ultrajado.
Do ponto de
vista urbanístico, entra em questão o desenho, a concepção da praça. Certos arquitetos
acreditam que uma grande área cimentada com algumas árvores seja uma praça –
caso da Praça João Nassar, no Largo da Batata, acima. No entanto, é evidente
que se esse espaço é adequado para manifestações e shows, não é para recreação
e descanso. A proporção cimento/verde lembra muito mais um deserto do que uma
Praça.
Praça Cazuza, cortada por escadas íngremes |
Em outros
casos, o espaço reservado à Praça é uma sobra do espaço que não comportaria a
construção de casas. Veja só o caso da Praça
Cazuza, na Vila Madalena. É um
espaço vertical. Haja pernas para passear ali.
Mesmo que a
praça tenha bastante verde, entra outra questão, que é a conservação do espaço.
O verde é um alento, mas via de regra quando o olho desce um pouco a visão não
é das melhores; por que afinal a praça é
tão desvalorizada em países como o Brasil? A nossa cultura define que o espaço
privado tem grande valor, mas o espaço público é uma terra de ninguém, sem dono, e, como tudo o que é público, sujeito
ao descaso e ao desprezo. E com isso as praças sofrem.
Praça Emília Barbosa Lima, Alto de Pinheiros |
Na foto
acima, pode-se ver que a poda e o corte da grama são um luxo que a maioria das
praças não tem. Sem contar que, em
muitos casos, as praças servem para o despejo de entulho e lixo, mesmo em bairros considerados nobres, como o Alto de Pinheiros, em São Paulo (no
caso, a foto da Praça Emília Barbosa
Lima).
Painel de azulejos Antoniosdesigner, Praça João Ernesto Faggin |
Em melhor
situação estão aquelas praças que recebem algum cuidado dos moradores. No caso
das praça João Ernesto Faggin, na Vila Madalena, existe um painel de
azulejos (de AntonioSDesigner) que
embeleza o espaço, e novos equipamentos brilhantes, mas basta dar alguns passos para ver que fazer
a manutenção e cortar o mato não é prioridade para a prefeitura paulistana de João Dória. O guarda que ali permanece
(contratado pelos moradores) cuida do seu pequeno entorno, mas não da praça
como um todo.
Novos equipamentos, Praça João Ernesto Faggin, Vila Madalena |
É
intrigante. Uma poda a cada três meses não demanda grande esforço ou gasto; mas
prevalece a ideia de que o poder público deve gastar com equipamentos vistosos
uma única vez, para chamar a atenção – e a manutenção que fique para os
próximos administradores.
Playground bem cuidado - pelo guarda |
Haveria
ainda muito a comentar. Mas sem uma mudança cultural, o espaço da praça no
Brasil vai continuar sendo pouco cuidado e valorizado. Não há alternativa. Se
há uma praça perto da sua casa, comece pelo menos a olhar para ela – e tente
não cuspir.
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São Paulo cheio de lugares incríveis para se conhecer...
ResponderExcluirComo todas as grandes metropolis, tem seus problemas e também lugares incríveis para se conhecer.
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