terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

A Boa Praça


Praça João Nassar, no Largo da Batata


O que é uma praça?
A praça sempre foi um local de encontro das pessoas. Na Grécia Antiga, a ÁGORA possibilitava não só o encontro, mas o debate público, o voto e portanto a democracia. Mais tarde, no século XIX, se percebeu que a aglomeração urbana cada vez maior só seria tolerável com a abertura de grandes avenidas para circulação de veículos e com espaços públicos com algum verde para a recreação de pessoas – a Praça.
No Brasil, em particular em São Paulo, o espaço destinado à praça, contudo, nunca é o que deveria ser. Por questões culturais, aqui esse espaço que deveria ser privilegiado é, ao contrário, ultrajado.
Do ponto de vista urbanístico, entra em questão o desenho, a concepção da praça. Certos arquitetos acreditam que uma grande área cimentada com algumas árvores seja uma praça – caso da Praça João Nassar, no Largo da Batata, acima. No entanto, é evidente que se esse espaço é adequado para manifestações e shows, não é para recreação e descanso. A proporção cimento/verde lembra muito mais um deserto do que uma Praça.
Praça Cazuza, cortada por escadas íngremes

Em outros casos, o espaço reservado à Praça é uma sobra do espaço que não comportaria a construção de casas. Veja só o caso da Praça Cazuza, na Vila Madalena. É um espaço vertical. Haja pernas para passear ali.
Mesmo que a praça tenha bastante verde, entra outra questão, que é a conservação do espaço. O verde é um alento, mas via de regra quando o olho desce um pouco a visão não é das melhores; por que afinal a praça é tão desvalorizada em países como o Brasil? A nossa cultura define que o espaço privado tem grande valor, mas o espaço público é uma terra de ninguém, sem dono, e, como tudo o que é público, sujeito ao descaso e ao desprezo. E com isso as praças sofrem.


Praça Emília Barbosa Lima, Alto de Pinheiros 

Na foto acima, pode-se ver que a poda e o corte da grama são um luxo que a maioria das praças não tem.  Sem contar que, em muitos casos, as praças servem para o despejo de entulho e lixo, mesmo em bairros considerados nobres, como o Alto de Pinheiros, em São Paulo (no caso, a foto da Praça Emília Barbosa Lima).

Painel de azulejos Antoniosdesigner, Praça João Ernesto Faggin 

Em melhor situação estão aquelas praças que recebem algum cuidado dos moradores. No caso das praça João Ernesto Faggin, na Vila Madalena, existe um painel de azulejos (de AntonioSDesigner) que embeleza o espaço, e novos equipamentos brilhantes,  mas basta dar alguns passos para ver que fazer a manutenção e cortar o mato não é prioridade para a prefeitura paulistana de João Dória. O guarda que ali permanece (contratado pelos moradores) cuida do seu pequeno entorno, mas não da praça como um todo.
Novos equipamentos, Praça João Ernesto Faggin, Vila Madalena

É intrigante. Uma poda a cada três meses não demanda grande esforço ou gasto; mas prevalece a ideia de que o poder público deve gastar com equipamentos vistosos uma única vez, para chamar a atenção – e a manutenção que fique para os próximos administradores.
Playground bem cuidado - pelo guarda

Haveria ainda muito a comentar. Mas sem uma mudança cultural, o espaço da praça no Brasil vai continuar sendo pouco cuidado e valorizado. Não há alternativa. Se há uma praça perto da sua casa, comece pelo menos a olhar para ela – e tente não cuspir.

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2 comentários:

  1. São Paulo cheio de lugares incríveis para se conhecer...

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  2. Como todas as grandes metropolis, tem seus problemas e também lugares incríveis para se conhecer.

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