Analisamos em
outros posts a rica (e nem sempre valorizada) relação entre Arte e Arquitetura.
Hoje vamos falar da relação (ainda mais delicada) entre Arquitetura e Arte
Provisória.
Arte
Provisória é uma contradição em termos. A arte adquiriu um status tão alto que
imaginar algo que tenha uma curta duração entra em conflito com as
expectativas, as tradições, os conceitos difundidos sobre Arte. Sim, existem
artes provisórias como o Teatro e a Dança, mas estamos falando da imagem, algo
que pode ser capturado e guardado para sempre.
A
Arquitetura, nem se discute que é permanente, por isso associá-la a
manifestações sem compromisso com a permanência pode ser arriscado. O SESC
PINHEIROS assumiu esse desafio, e o escritório NITSCHE ARQUITETOS o executou.
O paredão da
esquerda na entrada do Sesc Pinheiros vem abrigando há tempos murais transitórios,
que duram pouco tempo. Naturalmente, pode-se errar ou acertar a mão, e os
artistas podem dialogar com o entorno — ou não. Sendo assim, cada obra é um caso à parte. No caso atual, essa obra faz parte de uma mostra — Arquite-tô — que com oficinas, peças,
exposições, lançamentos discute o papel da Arquitetura no mundo atual.
A proposta
do Nitsche Arquitetos — ou de Lua Nitsche, Pedro Nitsche e João Nitsche — foi
fazer referência a um perfil típico da paisagem paulistana, ainda que pouco
reconhecido: o Pico do Jaraguá, o ponto mais alto da cidade, o que também traz
à discussão a verticalização do espaço urbano.
Só que nesse
caso a transitoriedade foi assumida de peito aberto, e o resultado é excelente
do ponto de vista de integração ao prédio. O perfil é formado por trenas
metálicas dispostas com diferentes comprimentos, e as caixas cor-de-laranja que
as envolvem fazem parte da composição. Ou seja, a ‘medida’ da altura é o que
está em jogo aqui. (Em outro post, já
falamos da desmedida verticalização que parece tomar conta de São Paulo nos
últimos anos.) O espectador é levado a
analisar essa delicada composição, o uso de um material inusitado, sem entender
a princípio os seus porquês. Ou seja, ele tem de parar para pensar, mesmo. E a obra é tão provisória que o vento estragou uma
parte, bagunçando as trenas metálicas e pedindo um ‘restauro’ rápido. Dá para
entender por que assumir a ‘Arte Provisória’ é complicado?
Só podemos
esperar que outras iniciativas corajosas como essa apareçam — para que a gente
possa analisar mais uma fez como fica a questão da Arte no espaço urbano.
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