sábado, 7 de abril de 2018

Arte-Arquitetura: Francisco Brennand



O sonho de todos os arquitetos é produzir uma obra – com tijolos, cimento, concreto – que seja considerada uma obra-de-arte, quer dizer, algo de indubitável valor artístico.  As chances, contudo, são mínimas. Pouquíssimos prédios no mundo podem entrar nessa categoria, e talvez seja por isso que arquitetos como Santiago Calatrava apostam em estruturas com formas e materiais inovadores, a ponto de o resultado final ser tão surpreendente que provoca nas pessoas tudo menos indiferença – da mesma forma que uma obra de arte provocativa em uma Bienal.
Todos sabem que prédios são obras utilitárias e a grande maioria passa despercebida dos observadores.
Ocorre que, em alguns casos, um prédio desinteressante depõe contra sua própria função em determinado contexto.  Um museu, por exemplo, não deveria passar despercebido.
Francisco Brennand, na elaboração de seu próprio museu, fez outro tipo de opção: associar sua arte aos prédios de uma olaria já existente, e chamar colaboradores como Roberto Burle Marx para compor o paisagismo, onde também estão suas obras de arte. Esse é um procedimento que pode ser adotado em muitos casos — ou seja, associar diversos fazeres artísticos em um projeto, de maneira que o resultado final seja harmônico — e artístico.
Paisagismo de Burle Marx

O conjunto arquitetônico de prédios-galpões recebe uma área inter-mediária a céu aberto onde a arte se impõe como um santuário —  como se estivéssemos em um Templo Maia. Ali, multiplicam-se criaturas de formas inesperadas, humanas ou semi-humanas, animalescas, ou simplesmente misteriosas. O significado dessa arte não é dado de imediato, e nos leva à contemplação. O fato é que essa ‘área intermediária’ mantém a mesma proporção dos prédios do entorno, garantindo a harmonia dos espaços, e indica como esculturas podem construir um espaço ao mesmo tempo virtual e real, delimitando corredores, ágoras, passagens. Por outro lado, a cerâmica (também assinada por Brennand) associada a algumas paredes as transforma em telas gigantes, sem que a dimensão arquitetônica seja perdida.























Tudo isso não é, evidentemente, algo que possa ser copiado a torto e direito. Mas podemos, sim, afirmar que a Oficina Brennand é um exemplo de integração entre Arte e Arquitetura, e algumas dessas soluções podem perfeitamente inspirar arquitetos dos tempos atuais — voltando mais uma vez à ideia de que mais vale uma ousadia arquitetônica do que o eterno ‘forma-segue-a-função’. Hoje, quem pensaria em abrir nichos em paredes externas para abrigar esculturas? Provavelmente ninguém — mas vamos deixar no ar a pergunta: Por que não?

Adão e Eva em nichos em parede cobertas de cerâmica

Esculturas em parede servindo como fonte


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